sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tijolo em Tijolo

De tijolo em tijolo construindo minha casa, nossa casa. Mas tem uns que o cimento não deixa grudar, e cai, e refaz, e se joga. E não fica. Mas na hora certa fica. E depois implica. Parece eu e você. Dois tijolos que cimento algum consegue juntar. E duros, mas frágeis a tamanha altura. Estamos no alto. Mas sempre caímos; às vezes consertados, mas uma hora substituídos. Você se desfaz e me refaz, mas desfeito sou também. Não adianta tirar de ti e grudar em mim, fica oco e invisível aqui, só por saber que precisas como eu. Sua felicidade divides comigo, teus presentes e prêmios. Por que não acrescentar nesse pacote teu nosso sua imensa dor? Sou capaz de transformá-la em amor. Deixa a dor, vem amor.

Deixa-me fazer assim? Você radiante, vestido socialmente para começar os melhores dias de nossas vidas. Mas nisso diz “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. Não pode ser tão egoísta assim a ponto de não dar nem um cadim da tua tristeza para mim... Não pode ser tão grudento de não me dar nem um tiquim da tua doença. Eu quero, eu aceito, eu as-espero. Quero curá-las, quero você como eu. Necessitada de lágrimas ruins, porque as boas, também enjoam.

Você me conduz a brisa do mar com os pingos da chuva em plenos beijos apaixonados. E então um pequeno devaneio aparece nos empurrando para as profundezas escuras e obscenas. E você se entrega, digo que até mais fácil quando se é para entregar ao amor. E não luta, e não debate, e não tenta. E eu só lutando contra o perigo que corremos não dá. Não vai, não venceremos. Procuras por um último beijo, eu, por um dos mais inesquecíveis e amedrontados. Você desiste fácil. Mas prometo não desistir fácil do teu desistir rápido. E te grudo contra o peito para que não desista fácil da correria que é esta vida meu amado. Da correnteza que se desfaz e refaz feito mesa portátil. Não espero ser guerreira e heroína, sou da guerra e da justiça. Pelo bem de ambos, e principalmente teu e meu. Meu só um cadim, ‘ocê entende?

Não vou chorar quando se tornar difícil e sim quando precisar limpar os olhos. Para o difícil existem beijos, abraços, cafunés, cafés, paginas em brancos, tintas e pena de ganso mal amado para nos amarmos.
Não sei traduzir tudo que teu olhar diz, confesso. Mas teus lábios me contam tudo (ou quase tudo) creio. E nós. E a gente, se completa entende? E os outros cochicham sobre nossa história confusa aos casais necessitados de um remédio harmonizado. E quase sempre fomos flechas de coração quando não queríamos ser nem somente flechas, nem corações. Fomos os dois juntos. Então, vamos ser juntos? Mas ainda, mas que ontem, mas que ante-ontem, e depois de amanhã mais que amanhã e hoje.

Quero ser mais, quero ser só com você. Quero ser só por você. De tijolo em tijolo construindo nossa casa, podemos ser. Podemos fazer ser. Enfrento até rodamoinhos pra ver ‘ocê. Nem desistir nem tentar? Não. Porque agora não é “tanto faz”. Agora é faz ou desfaz. E eu quero fazer, com você. Exatamente tudo acontecer. Até flores no jardim, florescer.

Eu quero
Com você
Plantar escadas de papel
Pintar o céu de cor de mel
Dançarinas de pastel
Canções maneável
Fazer tudo à el,
Porque hoje entro de vél
Para esperar por él-e.

(Fernanda Lionetti)

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