sábado, 10 de março de 2012

Ininterrupta

Você que nem sabe que é o meu “você”
Fluía e fui dançando na tua e nossa sincronia;
Mergulhava sobre nuvens enquanto eu somente
Estava me levantando daquela cama cansativa
Para um novo café-da-manhã.

Depois de uma noite de danças, de amores
De risadas, de pensamentos fervorosos
Sucumbi mais uma vez e lá estava eu sem você
Recolhendo o jornal deixado na caixa de correio
Abrindo a porta da sacada para derramar água
Fresca a flores com cede.

Queria desvendar-me naquela manhã insegura
Mas as manhãs nunca me favorecem
Estava lendo então trechos
Procurando encaixar-me
Em cada palavra só.

Fui feita para um café a dois
Para um cappuccino a quatro
Para laranjada a seis
Para limonada a dez.

Para dormir as uma e vinte seis de um dia normal
Acordar cansada e com raiva de mim mesma
Por não ter dormido antes;
Rígida até comigo mesma
Menos com você.

Acontece que a torrada torrou
Que a água transbordou
Que o suco estragou
Que você se aquietou.

E sonhei que invés deu tu que estavas recolhendo
As flores mortas do jardim
Invés deu tu que estavas recolhendo as maçãs da
Árvore ‘verdim
Ora invés deu tu que estavas dando aos cavalos
Os capins;

Teu olhar sempre me foi suculento e gracioso
Majestosamente radiante.
Poderia fazer-me pensar ‘trocentas vezes.
E voltou para roça a cavalgar
Deixou-me sentada no sofá
Você como pode fazer-me esperar?

(Fernanda Lionetti)

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