domingo, 4 de dezembro de 2011

Passa depressa

Tenta obedecer tua vontade de silêncio, tampa os ouvidos brutamente para romper os gritos do coração rabugento. E o escuta pelos ouvidos. Percebe que está viva e talvez seja um sonho, num sonho o qual ainda se encontra viva em sua cama a pensar. Observa o dia, o mês... O ano, que esta prestes a acabar. Não aproveitou muito, mas o que aproveitou foi pra marcar. E está tão próximo do fim, mas um fim, porém este chega a agradar. Cinco anos passa rápido, nem gosto de pensar, que há cinco anos vou ter vinte já ‘taria a trabalhar. Só pode ser brincadeira como tudo passa rápido, mas deixa de besteira to crescendo, quê eu faço? Meu pé não é mais vinte já passou dos trinta e três, eu olho pra janela e me assusto com a casa da vizinha de número três. Até a rua onde moro daqui cinco anos vou mudar, morando sozinha somente eu a me atarefar. Sem comida de mãe, pois então devo aprender a cozinhar. Tem um tempo ainda mais quase nem louça direito sei lavar. A preguiça consome e estou crescendo, nem da pra acreditar. Como será meu marido, como serão meus filhos? Não da pra me habituar. E o ano acabando, as mudanças começando, os chapéus esquentando e nem direito sei sambar. Daqui um pouco crio meus filhos, e o que vou ensinar? Se tiver uma menina e se chamar Clarinha, só ovo vou fritar. Mas se for menininha, muito sofrerá tadinha, vou ter que bem cuidar. A receita de bolo, a torta, e gosto tudo a rechear.

To crescendo e pensando só no que vou me formar. Será que vou ganhar muito dinheiro? Pra no shopping ir gastar... Às bobagens comuns, que não é fácil concretizar. Queria crescer menos depressa. Sei lá, passar dois anos com o mesmo número de idade, seria mais fácil se acostumar. Mas idade enjoa e velhice desgasta, não gosto de pensar. Mas eu cresço tão rápido, nem sei o que faço pra me aliviar. Talvez dê tudo certo e depois eu confesso o que eu vou virar. Só vou aproveitar esses anos de adolescência e muito estudar. Já que tive boa infância não vou difamar o resto pra vida se transformar. Que tudo valha a pela, que tudo seja doce e que nada engorde. Só o amor.

(Fernanda Lionetti)

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