sábado, 10 de março de 2012

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ㅤㅤDe pés calejados, cansados, tento bailar por aí. Sem encontrar abrigo fresco. Morna e carregável. Jogando para escanteio o peso de meu coração quente e palpitante. E então se torna superável. E então me torno carga fácil. Não encosto meus joelhos ao chão, meus cotovelos não estão mais ralados. Sinto-me passarinho livre. O vento fresco rodeando-me toda trazendo prazer e aconchego. Porém… Encontro vestígios de desejos não realizados no fundo dos olhos e no frio do coração.

ㅤㅤCarrego no ombro saudades e vontades, mas é fácil lhe dar com isso quando se tem pão, manteiga, muita cafeína. E você… Não sinto cheiro enjoativo no meu perfume, não vejo roupas amareladas de velhice, a casa não está tão empoeirada e as xícaras estão bem detalhadas. Tudo parece bom, me tornando forte e incrédula. Levantando-me todos os dias e tomando café da manhã com mesa bagunçada, com uvas verdes e roxas misturadas… Ainda sou bagunça, mas melhor ser bagunça a ser nada.

(Fernanda Lionetti)

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